quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ocidente e a influência nos mangás

Em consequência de uma série de estudos das estéticas literárias desde o período símbolista, passando pelo modernismo e depois pelo pós-modernismo, e do que tive de pesquisar neste ultimo mês, fui influenciada por muitas idéias que resultou nisso: uma grande teoria que surgiu na minha cabeça. Afinal, por que essas influências histórico-literárias estariam relacionadas aos animes, mangás e tudo que engloba esse nosso mundo? Vou tentar abranger tudo relacionado suficientemente, mas é preciso acompanhar meu raciocínio.

Primeiro uma reflexão histórico-evolutivo-literária do período literário simbolista, em que os principais interesses dos autores eram o espiritual, o sentimento sinestésico do homem e o espiritualismo que se desprende do racionalismo ocidental e visa o misticismo Oriental. Como exemplo, escolhi um livro que esta mais pra conto, “O Mandarim” de Eça de Queirós (o mesmo de Os Maias). O interessante é o elemento fantástico em que o clima da história esta absorvido.

Na história o protagonista chamado de Teodoro tem a oportunidade de ficar muito rico ao tocar uma campainha, mas ao tocá-la um chinês que ele desconhece, e cujo qual vai herdar tal fortuna, morrerá. Havia um crescimento desse estilo de literatura naquela época, assim como a influência de Oscar Wilde, antigo poeta e intelectual. Mas já pensou essa história num mangá? Aliás, pode-se fazer uma comparação como outro mangá... qual? Death Note! O sobrenatural de O Mandarim é literalmente o sombrio, o que pode tirar dessa história questões e conclusões éticas.

Tanto Raito quanto Teodoro queriam o que todo personagem de má índole quer: o poder. Nessas histórias, os personagens justificavam seus atos com motivos morais só para aliviarem suas consciências.

Já na próxima fase, o Modernismo (escola que se iniciou no final do século XIX, e começo do século XX, mas isso varia de lugar para lugar, na frança foi no final do século XIX) Em Portugal começou em 1904, no Brasil o clímax foi a Semana de Arte Moderna, mesma época em que as histórias em quadrinhos começavam a surgir no Japão. As manifestações do Modernismo aconteciam em formas diferentes na arte, mas tinham características que os classificavam neste período: fuga da tradição literária e interesse no futurismo, em consequência do desenvolvimento tecnológico.

Era um período histórico que estava emergindo durante as crises que levaram a Primeira Grande Guerra e posteriormente a Segunda. Sabe-se que foi a crise financeira que sucedeu esses eventos e que contribuíram para a valorização de um prazer ou divertimento barato como o mangá. Assim, com influência estética modernista e do futurismo pela estória de ficção científica, nasceu década de 50 Astroboy, uma história que leva consigo tais traços. Também em meados dos anos 50, surge um novo movimento artístico: o pós-modernismo, que é considerado a fase estética que estamos passando.

Mais uma vez uma aulinha de história: o Japão, para se reestruturar do pós-guerra, copiou o modelo econômico americano. As características da arte pós-moderna estão envolvidas nesta fase também, que passou a ter valor de mercado, sendo uma característica híbrida e intertextual. A relação desses fatores com o mangá é interessante já que, assim como a economia japonesa, que seguia os moldes norte-americanos, os mangás também foram influenciados pelas HQ's e filmes da casa do Tio Sam, com linhas de ação mais dinâmicas nos desenhos. O hibridismo também esta presente no mangá do Astroboy, quando o criador Osamu Tezuka percebeu que a maquiagem característica das atrizes do teatro japonês ajudava por realçar a expressão dos olhos, e usou esse mesmo recurso para seus personagens.

Mangá é uma arte? Se pensarmos nele como um reflexo cultural, sim! Além disso, se a arte pós-moderna tem a característica mercadológica, ou seja, tudo tem um preço, os mangás e os animes são grandes investimentos para a cultura de massa por serem muito lucrativos e por isso passavam a ser mediados pelo recurso do vídeo, ganhando suas versões em animes, filmes, tokus, etc.

Com o pensamento voltado para os lucros, o direcionamento agora é inverso; os norte-americanos estão atentos aos sucessos das criações nipônicas, como por exemplo, Dragon Ball, O Chamado, Godzila, e agora Astroboy. Vemos, então, essas estórias por um novo filtro: o hollywoodiano, da mesma forma que um clássico como Romeu e Julieta ganhou sua versão em mangá, e agora a saga Twilight (Crepúsculo, no Brasil).

E novamente cito Death Note, assim como um dia o teatro influenciou o mangá, o manga desta vez influencia o teatro, a Cia Zero Zero de São Paulo fez uma adaptação teatral de "O Caderno da Morte", baseado no mangá de Tsugumi Ohba. Há por aí muitas metodologias de análises históricas, artísticas, filosóficas, psicológicas, físicas (por que não?), mas me contive na parte literária, que não deixa de estar relacionada com esses outros estudos, sendo um tema ainda muito abrangente.

É sério, se eu pudesse fazia uma monografia, porque tem pano pra manga nesse tipo de tese. O que escrevi são coisas que surgiram na minha cabeça, do que eu tenho estudado até o momento; tem muita coisa vaga que poderia ser trabalhada melhor, mas aí talvez o foco fosse outro. Por exemplo, por que não usar dos recursos do mangá e anime em uma sala de aula? Aposto que muita gente deve se dar bem em aulas de Filosofia, quando se trata da Mitologia. Por quê? Saint Seya, o mundo mitológico do Cavaleiros do Zodíaco desperta curiosidade em nós interessados... Fora um monte de exemplos que eu poderia citar, mas aí fica a critério de cada um. Então, leiam mangás sem moderação, e sem responsabilidade.

9 comentários:

  1. Concordo com quase tudo o q ela disse
    exceto:
    O Light não
    é um falso moralista
    o q aconteceu com ele foi o poder te-lo
    subido a cabeça ele ficou tão satisfeito
    e convencido com aidéia de fazer um mundo sem violência e
    poder gerencia-lo
    a sua maneira matando as pessoas más
    q ele foi sucumbido,
    ele na verdade era
    bom mas ficou obsecado e
    com isso usou tudo o
    q ele podia para alcançar seu objetivo,
    o Light não e mal,
    apenas foi seduzido pelo pder a ponto de ficar obsecado.

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  2. Ótimo texto.

    Concordo com suas opiniões, visto que arte e mangá se correlacionam.
    O próprio Tezuka foi muito influenciado pelo cinema e os comics americanos. É aí que vemos a genialidade de um autor como o Tesuka. Ele poderia muito bem apenas copiar os americanos. Mas, ele implantou, nos mangás, dinamismo, ritmo e estilo próprio.

    E, realmente, os mangás foram valorizados graças ao alto "poder" de entretenimento. Afinal, o Japão estava destruído devido aos ataques das bombas nucleares.

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  3. Gostei muito do post, aliás só como foi dito ali, ainda dava pra falar muito disto, deu vontade de ler mais. È um assunto muito rico, assim com tudo relacionado aos mangás.
    Mangá mais do que desenho, é Arte!

    Também gostei de falar sobre a peça, eu não sabia dela e vi que vai ter uma apresentação aqui perto, espero conseguir ver.
    MAS dizer que o mangá está influenciando o teatro, bom realmente deve estar em outros casos, mas aqui ao que me parece não tem nada de "puramente" influencia do mangá ou Anime Death Note, tá na cara que eles fizeram essa peça sabendo que tem milhares de fãs do anime e que com certeza vai lotar as apresentações, não é uma influência, eles pegaram uma historia rica que agrada a todos:
    1- Agrada os fãs de Death Note, por ser sobre o Anime
    2- Agrada quem não conhece nada nem de Dn nem de Animes, afinal o melhor de Dn é que realmente a história envolve qualquer um independente de gosto, e sem os precoceitos por Animes qualquer um gosta

    P.s: O Raito é assassino sim. matou eu x.x

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  4. Claro que o Light é um falso moralista. Ele queria se livrar dos assassinos.... assassinando-os. Assim como eles mataram pessoas, ele também mata.

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  5. O(a) autor(a) se perdeu um pouco no post. Dizer que o contexto histórico influenciou decisivamente no conteúdo da produção de mangá (assim como na literária, cinematográfica, ou de qualquer outra arte) é uma observação pertinente. Quase uma verdade universal. Porém, as comparações a obra de Eça, por exemplo, é apenas uma prova de que seres humanos totalmente diferentes em situações absolutamente diversas podem ter idéias semelhantes, o que corrobora a humanidade de ambos os autores. Há de se concordar que, em determinados casos, a probabilidade de um autor japonês ter tido contato com uma obra da literatura brasileira de forma a poder usá-la como inspiração não é muito grande. Não é impossível, mas é mais provável que seja resultado da tese que postei anteriormente.

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  6. Vocês não entenderam muito bem o q eu quis dizer,na verdade mesmo o Light sendo assassino a intensão dele não é má:
    1º-Nos primeiros episódios o Light afirmou q suas intensões eram criar um novo mundo sem violência
    e governar esse novo mundo .Essa atitude de "Eu serei o deus do novo mundo!!" atitude simplesmente o disvirtuou.
    Não quis dizer q o Light era bonzinho ou o herói desse animê mas q ele não era mau mas se tornou mau.
    2º-Não quis dizer q a autora estava errada,somente 96% certa,
    pelo menos no meu ponto de vista,mesmo assim a matéria estava ótima.

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  7. Gostei. Mas usar CDZ para ensinar mitologia? Acho que não seria uma boa idéia...

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  8. O mal é engendrado no ser humano, ou ele é facilmete seduzido pelo mal?
    Os mangás não estariam influenciando um novo tipo de textos teatrais, justamente para agradar um novo tipo de público?
    Foi Light ou Ohba que matou L?
    Será que tão achando que Eça de Queirós é Brasileiro?
    CDZ não influência os jovens expectadores a pesquisar sobre mitologia?

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  9. Achei muito legal a sua matéria e muito interessante também.
    Na feira cientifica da minha escola, o tema do meu trabalho foi Indústria de Mangás\o/ , com esse trabalho eu aprendi muitaaaaa coisa. Se a feira fosse um pouco depois de vc publicar essa matéria >.< eu poderia usar p/o meu trablho.. enfim
    Mangás pode sim ser usados em sala de aula ( eles desenvolvem a intertextualidade e quem lê mangás possuem um maior conhecimento geral , entre outras coisas =p ).
    Há várias teses de mestrado, sobre mangás , livros... *-*
    Um que estou lendo é Mangá o poder dos quadrinhos japoneses ( autora : Sonia Bibe Luyten ) é muito bom \o/.
    Bem,parabéns pela matéria =D

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